sábado, 19 de março de 2011

Amor próprio

Ontem, no infinito trajeto entre trabalho - ensaio, estava ouvindo no radio o programa missão impossível da Joven Pan. Uma garota de 24 anos contava que seu ex-namorado havia voltado diferente de uma viagem de 6 meses para algum país pop europeu e com isso a própria menina desencantou e foi deixando de colocar gás na relação.
A falta de empenho dela e a falta de reação dele culminaram no fim do namoro, por parte dele, e agora a menina se sentia culpada por ter sido ela quem tirou o pé e parou investir na relação, o que, supostamente, levou ao fim.
Todo esse contexto poderia já gerar milhares de reflexões e considerações, mas vou me atentar apenas ao seguinte fato: Ouvi por uns 40 minutos os componentes do programa tentando dar uma sacudida na garota com aquelas conhecidas e mortais frases:
- Você precisa se amar e ter amor próprio
-Pare de deixar que ele seja maior que você
- Parte pra outra, se ame primeiro, esse cara não ta nem ai. Não espere que seus amigos te tirem da depressão, você tem que se amar.'
- Não se exponha assim na frente dele, tenha orgulho.

Bom, em primeiro lugar, acho que isso é tudo que uma pessoa não precisa ouvir em rede nacional quando está sofrendo por amor. Mas ok, ela resolveu ligar e deveria estar pronta para as conseqüências.
Mas o que realmente me chama atenção é essa idéia que o mundo todo vende que a gente não pode sofrer, e se for pra sofrer que seja bem escondidinha pra ninguém ver.
Ouvi isso milhões de vezes, de amigos, de parentes: "Marina, só não deixa ele saber que você está assim, só não deixa ele perceber que você está mal por causa dele". E eu me pergunto: Por quê? Eu estou sofrendo mesmo, estou mal pra caralho mesmo, estou desesperadamente querendo dizer que sofro sem ele e que o amo mesmo, porque isso sufoca meu coração de uma maneira desesperadora. E essa dor não vai mudar, vou continuar assim, no limbo, ele sabendo ou não.
E, além disso, naquele contexto de desespero e amor total ainda pensava dentro de mim que se não abrisse meu coração e dissesse tudo que pensava e sentia perderia a chance de entender qual seria a relação do dito cujo diante disso..
Claro que não estou dizendo que acho saudável passarmos meses e meses correndo atrás de quem nos despreza. Mas depois de um relacionamento de anos, cheio de amor e paixão, onde ainda existe respeito, e alguma idéia de algo mal resolvido somado a uma enorme vontade de estar juntos, não consigo pensar em recolher minhas dores numa caixinha apertada debaixo do edredon enxarcado de lágrimas, escondendo todos os nós que existem no meu estômago e garganta apenas pra não dar o gostinho do cara que eu amei loucamente desejando e planejando viver minha vida toda ao lado compartilhando todos os meus segredos e angustias, me ver mais uma vez angustiada por que em algum momento parou de fazer sentido seguirmos nossas vidas juntos.
Mais do que isso. Esconder tudo isso não para a dor. E tem que doer. Se você amava mesmo vai sempre doer como se não fosse possível encontrar o ponto final daquele desespero no coração.
Acho mais importante você parar, refletir, entender exatamente todo o contexto que culminou no fim, todos os erros e onde a outra pessoa errou (porque é comum quando somos terminados assumirmos imediatamente que a culpa foi nossa) e entender logicamente que não deu e não dará certo do que se preocupar desesperadamente em esconder que toda essa situação te levou pro limbo.
Porque ele acaba. E você sempre fica linda, com um milhão de roupas novas e maquiagens e aquela vontade de não deixar de ser você, de retomar a vida e ser feliz.
E ter se deixado sofrer e ter tentado mostrar com todas as forças que você ainda o amava e queria de volta vira um detalhe. Uma passagem necessária na vida em uma fase que passou, e da qual a gente não pode se arrepender porque foi a nossa verdade naquele momento.
O importante é deixar a fase passar. Chorar e ser ridícula aos olhos dos outros, mas com a sabedoria de entender a hora de passar pro próximo step. E entender que a dor e a tentativa de mostrar o quanto dói e o quanto estamos apaixonada pro outro faz parte de ser humana. Se amar é também respeitar seus sentimentos, sofrimentos, cenas ridiculas e vontade de resolver algo que dói no seu coração.

3 comentários:

  1. Vale lembrar que a vida continua! Sendo feliz em outra situação, mais madura, mais realizada...Porém sempre levando em consideração que amamos as pessoas de formas diferentes, o que condiz com as nossas fases da vida. Logo, essa dor de amor passada, vez ou outra dói...mesmo que você esteja vivendo um outro amor! Sim! Além de você não poder de fato esconder seus sentimentos de dor da "vida alheia", também vale ressaltar que dor de amor uma vez sofrida, vez ou outra volta também! Afinal senão fosse por essa característica, ex não seria ex...Considerando que amamos nossos parceiros de formas diferentes, já que a vida muda, nós progredimos e também porque as pessoas são únicas. Cada dor tem sua identidade e intensidade...Não sou a favor de cultivá-la, porém, certas recordações doerão para sempre, ou pelo menos a recordação desta cicatriz.Isso que nos prepara para uma próxima e nos sinaliza de fato quem realmente somará com você para o resto da vida, como assim desejamos.

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  2. carol, você super me inspirou para um novo post! Espero ter tempo de escrever ainda essa semana =)

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  3. Escreva!!!!!=)Estou sem tempo algum também!!hehehehe

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