quinta-feira, 5 de maio de 2011

E dá pra não sofrer?

A verdade é: terminar um relacionamento em qualquer circunstância dói. Correção - quando terminam um relacionamento com você dói. Não vamos ser hipócritas não é? Tive quatro relacionamentos sérios na vida, dois eu terminei e dois fui terminada e não há comparação no tamanho da dor.
E demora, muito. Terminar um relacionamento (isso sim, em qualquer circunstancia) nunca acontece com a conversa definitiva. Porque dói, porque é estranho, porque mesmo quando você que toma a decisão ainda existe a consideraçao e enquanto a outra pessoa insistir em te ligar você vai se sentir na obrigação de atender, até ficar de saco cheio e dizer: por favor não me liguei depois das 22:00
Dói e vai doer. Não só pelo amor, mas por toda cumplicidade, todos os planos e esperanças que você acaba por construir, pela rotina segura que se cria. E dói ver sonhos que poderiam ter sido e que não serão se desmancharem. Dói ver uma história que começou linda ter se tornado um caminho tão tortuoso.
Por isso, mesmo que o amor pelo outro já tenha morrido vai doer. Porque vai ser a sua história, o seu tempo mudando. Lógico que sempre terá o que valeu a pena e os momentos de amor bons de recordar, mas sempre terá a sensação de derrota, de rejeição, o medo de ver sua vida virar do avesso porque toda rotina saiu do lugar.
Não tem jeito. O fim sempre vai doer. Você pode ter certeza de que não é aquela pessoa que você quer, mas vai doer. É história, vida, sonhos, planos. E tudo que mexe com sonhos dói.
Não tem saída, se a gente quiser viver, de verdade, vai ter que encarar a dor. E, siceramente, eu prefiro que doa até eu não aguentar (porque hoje eu sei que passa, sempre passa) mas ter a certeza que eu vivi com intensidade e foi o mais verdadeiro e cheio de mim e da minha verdade do que amenizar os riscos e o possível sofrimento, mas ter sentido algo que não era tão intenso. Não gosto de coisa mais ou menos, se a intensidade da dor for diretamente proporcional à intensidade da paixão pra mim já valeu a pena, melhor do que nunca tentar e perder a chance de morrer de amor.

Quando o orgulho é maior que a paixão... e que o bom senso também

Quando conheci o D* tinha acabdo de terminar um namoro de dois anos. O antigo namorado estava na Australia e a situação toda me cansava, no meio desse turbilhão comecei a trabalhar num lugar novo e sensacional, mudei de casa e minha vida toda estava num momento muito diferente. Nesse contexto novo conheci o carinha novo do trabalho que me dava carona e tinha um papo legal.
Depois de dois anos num namoro gostosinho mas sem muita emoção aquela figura nova num momento tão diferenciado da minha vida me encantou. Mesmo com o coração ainda um pouquinho balançado pelo ex resolvi embarcar nessa nova relação que me animou demais.
Mas a verdade é que nunca senti meu coração completamente apaixonado. Era gostoso, era uma experiência totalmente nova e divertida, mas não tinha aquela paixão. Não tinha o master frio na barriga e ansiedade de ver a pessoa a cada novo encontro... e me lembro claramente de fazer um cálculo mental, pensando que em seis meses com certeza tudo já teria murchado em mim.
Depois de apenas três meses juntos muitas coisas já me irritavam nele, e a reciproca era verdadeira... até que, por diversos motivos controversos, ele resolveu terminar o namoro. E eu, que tinha certeza que não estava apaixonada enlouqueci.
De repente meu mundo tão estável e sob meu controle desmoronou... minha vida gostosa com o namorado novo todo final de semana já não estava mais nas minhas mãos, e como num passe de mágica, assimilar as palavras que traduziam o fim fizeram com que eu me sentisse absurdamente apaixonada pela pessoa que eu não poderia ter.
E eu me pergunto... por quê? Mesmo estando seguros sobre nossos sentimentos e sabendo exatamente que uma relação não pode ir pra frente o simples fato daquela pessoa não mais nos querer e todo controle sair das nossas mãos nos dá desespero e faz sofrer demais. Hoje, analisando a situação e o que aconteceu eu tenho a certeza de que foi uma relação relativamente fácil de superar.
No momento que eu disse: Não quero mais, simplesmente parei de pensar nele (coisa que nunca acontece comigo, já deixei de querer n pessoas e mesmo assim elas continuaram a povoar meu pensamento) porém nunca uma dor foi tão intensa e um momento tão desesperador... e hoje, acho que o grande desespero foi exatamente pela minha certeza de que não existia amor, ou seja, nada poderia restaurar aquela relação e o controle de tudo, inclusive dos sentimentos dele estava distante demais de mim.
Hoje me pego pensando nisso, quanta energia da nossa vida não gastamos com coisas que não valem a pena, simplesmente porque a perda do controle e a "rejeição" são sentimentos que nos incomodam. Me lembro de quantas noites passei chorando e do tanto que tentei retomar uma relação que antes de terminar eu já tinha certeza que não seria duradoura e tento encontrar um sentido nisso tudo - e tenho certeza de que foi uma relação que pouco acrescentou à minha vida.
Acho que esse é um ponto pro qual não tenho conclusão nem uma moral clara para pensar, apenas me serve de reflexão para pensar, pensar, pensar... e pelo menos tentar não deixar nunca mais meu coração se vender por tão pouco.