sábado, 30 de abril de 2011

Sobre a independência das mulheres e uma nova forma de pensar os relacionamentos

Aos 22 anos eu achava sensacional já ter saido da casa dos meus pais e ter uma vida minha da maneira como eu achava melhor organizar. Mas achava um saco todas as coisas pesadas que tinha que fazer por não ter um homem me ajudando. Do tipo: carregar coisas de um lado pro outro sozinha para fazer uma mudança, não ter idéia do que fazer quando o reator do seu chuveiro queima, não conseguir configurar o seu roteador...
Coisas que eu fazia sofrendo, com um certo "orgulho de mulher independente" mas achando tudo isso chato demais e querendo muito um cara que chegasse na minha vida para eu não ter nunca mais que carregar toda a compra do mês sozinha no ônibus.
É tão fácil nessa situação você se deslumbrar e adorar quando aparece um cara que, além de tudo que te faz feliz, te ajuda a todos os momentos a organizar sua vida administrativa. E foi isso que aconteceu comigo quando comecei um novo relacionamento no meio dessa fase conturbada de administrar coisas chatas do dia-a-dia que você sempre tem quando mora sozinha. E foi lindo, foi fácil... e eu, que no começo ainda me fazia de durona sem querer ajuda, mas no fundo odiando fazer tudo sozinha, cedi fácil, fácil... era ótimo ter alguém que fazia meu IR e carregava caixas pesadas cheias de livros quando eu resolvia mudar de apartamento (claro que não era só isso, o relacionamento tinha milhares de coisas boas, mas poder contar com alguém que fazia isso era realmente MUITO bom).
O fato é, o relacionamento acabaou (por N motivos) mas minha vida de solteira que mora sozinha não, e todas essas situações continuam acontecendo: mudança de casa, instalar a máquina de lavar roupa, arrumar  a porta do armário. Mas, um pouco mais sábia aos 26 anos, mudei um pouco minha forma de encarar isso.
Primeiro porque não sofro mais com essas coisas. De verdade. Claro que sempre é bom ter quem te ajude, mas depois de passar tanto tempo tendo alguém que me ajudava e perceber que essa pessoa pode desaparecer do nada e você ter que voltar a cuidar de tudo me deu de verdade o sentimento de que eu quero e gosto de cuidar de mim sozinha. Claro que tem horas que é um saco, mas é bom perceber que hoje tenho condições de contratar uma empresa de mudança que vai carregar todas as minhas caixas para um novo apê e que não é vergonha nenhuma assumir que eu não entendo muito de seguros e por isso ligar para um amigo me ajudar a escolher a melhor corretora.
Toda essa história é para introduzir um pensamento muito forte que criei depois de tudo que aconteceu. Acho que hoje, ainda, as mulheres buscam muito alguém que, além de tudo, esteja próximo para te ajudar em todas essa situações que realmente são dificeis e consomem nossa vida, especialmente quando moramos sozinhas, e isso se torna uma obrigação para o namorado / marido.
Mas nós podemos sim organizar isso tudo (e é muito importante, pois um relacionamento pode sim acabar de uma hora para outra, e tocar sua vida sozinha não pode ser algo sofrivel) e a partir desse momento, seu companheiro precisa única e exclusivamente te amar e te fazer feliz, simples assim.
Hoje, pra mim, o peso de um relacionamento é muito menor, quando paro e penso no que me faria feliz, "serviços gerais do lar" não está na descrição de cargo, coisa que acontecia há pouco tempo (e deixo aqui declarado que sinto sim esse como um erro meu, de me acostumar e achar boa toda essa parte e acabar exagerando e tornando isso pesado pro meu namorado da época). Isos pesa no relacionamento, vira obrigação para o outro e dependecia para você.
O contexto em que as mulheres vivevem hoje, pelo menos que eu vivo, me faz acreditar muito que não precisamos de um homem para mais nada além de nos amar e o amarmos. E isso é bom. Isso faz com que seja o amor, carinho, respeito, incentivo que construa uma relaçao - claro que aí o laço se torna mais frágil, afinal esse é um tipo de sentimento mutável e é uma linha muito sensivel que segura a relaçao, mas também muito mais verdadeira.
É lógico que se meu próximo namorado se oferecer para carregar as minhas malas eu não vou achar isso ruim e dar uma de louca que não admite o apoio de um homem, mas meu ponto é que isso não é mais algo necessário nem precisa se tornar uma obrigação para ninguém que esteja comigo. Um relacionamento agora, é apenas achar alguém que me ame, e que eu ame também, e só.

Um comentário:

  1. Sabe o que era pré-requisito pra mim? Ter carro. Mas não carrão, pra mostrar que tem grana, nada disso... É pq eu não podia me locomover sozinha por aí. Não tinha carro, não dirigia e não ia ficar andando de ônibus pra encontrar o cara...
    Hoje, com meu carrinho, isso mudou também. Não preciso que ninguém venha me pegar em casa pra nada. Vou aonde quero e pronto. E adoro dar carona, então se o cara não tiver carro, tudo bem tmb. Também estou mais preparada para, simplesmente, ser amada. =)
    Bjs!

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